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Ácido Fólico: Uma informação séria!

  • Dr. Alexandre Farah
  • 2 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

A suplementação vitamínica com o ácido fólico constitui-se em uma das possibilidades de prevenção de malformações fetais graves, principalmente dos defeitos de fechamento do tubo neural (DFTN).


A incidência relatada na literatura internacional dos DFTN gira em torno de 1/1000 a 8/1000 nascidos vivos2,3,4; no Brasil estima-se que a taxa oscile em torno de 1,6/1000 nascidos vivos1. A recorrência fica ao redor de 2% a 3%. Sua etiologia é multifatorial em 88% das vezes(1,2) Em 0,5%, correspondem a defeito genético nas enzimas envolvidas no metabolismo do folato (hiperhomocisteinemia).




São consideradas pacientes de risco as usuárias de drogas depletoras de folatos (anticonvulsivantes), as diabéticas tipo I e a gemelaridade(1,2). Estudos pioneiros observacionais, nas décadas de 50 e 60, constataram diminuição da prevalência dos DFTN com a administração de ácido fólico, bem como a relação do baixo nível de ácido fólico com os DFTN(2). Pesquisa importante para o entendimento das alterações que resultam no distúrbio da distribuição do folato foi elaborada por Bunduki et al. em 19951, que puderam demonstrar a normalidade dos níveis séricos de folato. Por outro lado, o folato tissular, representado pelos níveis eritrocitários, em pacientes que tiveram fetos com DFTN, encontravam-se em níveis baixos quando comparados com os das pacientes do grupo controle.


A etiologia do nível tecidual mais baixo nas gestantes com fetos portadores de DFTN é, ainda, controverso, podendo estar ligada a defeito de estocagem(1.) Porém, a complexidade do metabolismo do ácido fólico dificulta a plena compreensão da sua participação na embriogênese.

Com o intuito de se prevenir os DFTN, importantes estudos intervencionistas (suplementação alimentar e administração periconcepcional ( 3 meses meses antes e depois da concepção) de ácido fólico), mostraram diminuição na incidência em regiões com grande prevalência(2.)



Entre as várias possibilidades de intervenção propostas, o enriquecimento alimentar, a orientação dietética e a suplementação de ácido fólico(3) são recomendadas. Esta última parece ser o método mais efetivo e prático de se prevenir os DFTN que, sendo a forma sintética da vitamina, é a mais estável e com maior biodisponibilidade. Com a administração de 0,4 mg/dia é descrito decréscimo de 50% a 70% na incidência dos DFTN(2.)


Segundo referências da literatura (mesmo em países do chamado 1º mundo), a estratégia em se administrar ácido fólico no período periconcepcional para a prevenção dessa malformação fetal esbarra na constatação de que 50% das gestações não são planejadas e na baixa aderência das pacientes no uso da medicação(4).

Tal fato aponta a necessidade de amplo programa de orientação da classe médica e da população por meio de uma divulgação irrestrita, tanto na imprensa científica, quanto na leiga. Preconiza-se o início da administração do ácido fólico três meses antes da concepção.


Durante a gestação deve ser mantida até o terceiro mês, suspendendo-o ao completar 12 semanas. A dose aconselhada é de 0,4 a 0,8mg/dia2. Quando houver antecedente do DFTN, a dosagem recomendada é de 4,0mg/dia, sendo esta considerada dose farmacológica.



1. Bunduki V, Dommergues M, Zittoun J, Marquet J, Muller F, Dumez Y. Maternal-fetal folates status and neural tube defects: a case control study. Biol Neonate 1995; 67(1):154-9.

2. Czeizel AE. Primary prevention of neural-tube defects and some others major congenital abnormalities: recommendations for the appropriate use of folic acid during pregnancy. Pediatr Drugs 2000; 2(6):437-49.

3. Kirly RS. Fortification of food with folic acid. N Engl J Med 2000; 34(13):971.

4. Van der Pal-de Bruin RM. The Dutch Folic Acid Campaign have the goals been achieved ? Pediatr Epidemiol 2000; 14(2):111-7.



 
 
 

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